Artigo

Reconfigura-se a procura, adapta-se a oferta!

Artigo de Opinião por Mariana Rosa, Head of Markets Advisory na JLL

Maio 04, 2023

2023 será de facto, um ano desafiante para o imobiliário comercial. O retalho é pressionado pelo aumento do custo de vida das famílias e os escritórios estão ainda em fase de estabilização de uma nova realidade do trabalho híbrido, enquanto na logística continuamos a lidar com as questões das dificuldades das cadeias de abastecimento. Tudo isto acontece com inflação em máximos de 30 anos e taxas de juro em forte crescimento, num contexto marcado por mudanças estruturais nos hábitos dos consumidores, incluindo na forma como “consumimos” os espaços físicos.

Que implicações teremos então nas dinâmicas de ocupação de escritórios, lojas ou armazéns?

Na logística, não há muitas dúvidas. Apesar dos desafios que permanecem nas cadeias de abastecimento, o comércio eletrónico veio para ficar, e à medida que continua a crescer, também aumenta a necessidade de espaço. É preciso entregar cada vez mais produtos nas mãos dos consumidores e cada vez mais rápido. E é preciso inovar. Vamos precisar de mais espaços de grande dimensão afastados dos centros de consumo, vamos precisar de mais espaços de entrega last mile, e o facto é que o e-commerce continua a gerar apenas 20% das vendas de retalho, o que significa que continua a haver imenso espaço para crescer, esperando-se que esta atividade seja a grande impulsionadora do mercado logística.

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No retalho, os desafios dependem muito da localização e do tipo de atividade comercial. Apesar do aumento do custo de vida, as pessoas querem (e precisam) de continuar a comprar o seu pão diariamente, levantar receitas, cortar o cabelo ou beber um café e jantar fora. O comércio de rua, nomeadamente o de proximidade e inserido no contexto residencial, oferece atualmente os maiores índices de crescimento e continuará a gerar procura para abertura de novos espaços. Nos centros comerciais, há maiores desafios e é neste tipo de espaços que mais se nota a necessidade de adaptar as lojas aos novos hábitos de consumo, criando novas âncoras de atração dos consumidores, tornando-os em espaços de experiências.

Nos escritórios, as empresas já mudaram definitivamente para o chip do trabalho híbrido, mas naturalmente é preciso estabilizá-lo. Quantas pessoas vão afinal usar o escritório por semana? E a fazer o quê? As empresas vão precisar de menos ou mais área ou vão querer adaptar a sua área a novas configurações? Independentemente do volume de área que seja necessário, nomeadamente na comparação face ao “anterior” escritório de uma empresa, há um driver de procura que se destaca: as empresas querem espaços mais modernos e sustentáveis, melhores localizações e em edifícios que os seus colaboradores gostem, e estão dispostos a pagar mais por isso.

Ou seja, sendo claro que o ano é de desafios para os modelos de ocupação que conhecemos, há muitas oportunidades para quem desenvolve, detém ou investe nos imóveis de logística, retalho e escritórios. A procura não se extinguiu. Apenas continua no seu percurso de reconfiguração, eventualmente num ritmo mais lento devido ao momento económico de menor expansão. E se a procura se está a reconfigurar, com novas exigências, novos requisitos, novas necessidades, a oferta, especialmente a que já existe, deve “surfar a onda “, adaptando-se e reconfigurando-se também. E apesar de todas as mudanças que enfrentamos, uma coisa não é nova: o imobiliário comercial tem uma natureza cíclica. Temos que continuar a tirar vantagem dos diferentes momentos do ciclo!

Escrito escrito para o Dinheiro Vivo

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